Por uma infância e adolescência marcadas por sentimentos de
abandono, revolta e solitude, Renata sempre recorreu às letras para externar o
que sentia e o que pensava sobre as pessoas e o mundo restrito em que vivia.
O seu presente mais marcante, ainda na infância, foi uma
máquina de escrever – lorenzette azul-metálica – nela escreveu muitos de seus
versos infantis, suas memórias e rascunhos que nunca chegaram a tornar-se um
livro, talvez por falta de interesse da própria escritora.
“As letras para mim são, de fato, uma extensão de meu ser. O
modo mais fácil e sincero que consigo externar toda essa inquietude que costuma
atormentar-me aqui dentro. Você poderá enxergar-me muito além através do que
escrevo do que do que aparento cotidianamente”
Renata Santos é uma escritora intimista. Aprecia a poesia
simbolista, com seus versos bem estruturados e a preocupação com a estética,
porém rende-se às palavras escritas pela alma. Aquelas que traduzem pessoas e
seus mais íntimos sentimentos. Sua poesia, geralmente, caracteriza-se por
textos curtos, diretos e geralmente com uma pitada de ironia ao qual herdou da
obra de Mário Quintana, um de seus escritores prediletos.
“Lembro-me de ter começado por Vinícius através de suas
canções e poemas. Sou profunda admiradora de Drummond, Florbela Espanca, Manoel
Bandeira e Paulo Leminski. Tenho conhecido trabalhos inspiradores dos
conterrâneos Raimundo Carrero, Valmir Jordão, Cecília Villanova, Erickson Luna,
Policarpo Sendas e tantos outros. Estou sempre aprendendo e buscando mais
formas de transformar-me poeticamente. Não trata-se de uma busca pela perfeição
mas de experimentar todas as formas possíveis de expressar-me.”
Sobre música é bem sucinta: “Tenho apurado meu gosto musical
com o tempo. Hoje, para mim, música só com poesia. E consigo enxerga-la tanto
em Bezerra da Silva quanto em Vivaldi. São gêneros
completamente distintos, mas falam de vida. Vivaldi traz,
por exemplo, as estações para dentro de nós. De uma forma como nunca a vivemos
de fato. Possibilita-nos uma nova percepção do mundo à nossa volta. Bezerra
popularizou dialetos. Diminuiu a distancia entre a periferia e a ‘nobreza’. Não
há poesia e vida em ambos?”
Estudante do curso de letras da UNICAP, após passar por
diversas graduações não concluídas, enfim encontrou-se onde mais se sente
Renata Santos. “Corre sangue em minhas veias, mas são as letras que me mantêm
viva.” Contatos online: https://www.facebook.com/#!/renatapjsantoshttps://www.facebook.com/messages/100000118110390#!/groups/310902805656325/
renatapjsantos@hotmail.com
renatapjsantos@hotmail.com
Fonte: enviado pelo autor
Das palavras vãs
Renata Santos
Já não falo de amor
Pois foi o silêncio
(De tua ausência)
Que melhor ensinou-me
A apurá-lo e senti-lo
Ao encontrar-te e sentir-te.
Do tato
Renata Santos
Ao tocar-te
Minhas mãos
Alcançam
Teu coração
Do caminho
Renata Santos
Seguir em frente,
Nunca em vão.
Serve-me de bússola,
O meu coração.
Do que não foi
Renata Santos
Eu só recordo-me que você veio
E eu te recebi reticente.
Então você foi. E eu fui.
E nessa ida em caminhos opostos,
A vida seguiu nos tornando alheios...
As reticências;
Essas deveríamos bani-las de nossas vidas e dicionários.
Não fazem mais que eternizar o vácuo do não dito,
Não feito,
Não vivido.
Da decisão
Renata Santos
Aboli de meus dias
as reticências
tão logo suas consequencias.
Percebi:
o reticente faz tudo pela metade.
[E nem faz]
Omisso, passivo
E passa-lhe a vida
[incapaz]
à mercê, inerte, demente
à espera
[jaz]
Eu hoje enfrento o [im]possível
É de frente
Reticências?
Não mais.
[Avante!]
Destemida,
Diáfana,
Imponente.
Sagaz
Da falsidade
Renata Santos
Decerto é inerente ao ser humano,
Essa incorrigível prepotência:
Por não refletir-nos como espelhos,
Olhamos [uns aos outros]
Com dissimulada reticência.
Pleonasmo
Renata Santos
Todas as prisões aprisionam.
Uma sagaz redundância
que bem ilustra esse cenário;
a cada um cabe o seu calvário.
Paráfrase
À Maria Júlia.
Renata Santos
Observando pela janela da varanda
O teu sorriso, pequeno anjo.
Compreendi.
Há pessoas que refletem a luz do sol
Em multi-cores; um arco-íris.
Parafraseando Quintana:
Elas têm alma fruta-cor.
Descaso
Renata Santos
Cansada de [teu pouco] caso:
Meu calo.
Calada me caso com o acaso.
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